
Portugal e o Mundo
Vários países da Europa ignoram os descobrimentos portugueses e, em vez disso, as escolas falam dos feitos dos espanhóis, ingleses e holandeses. Até o domo da Biblioteca do Congresso Norte-Americano lista doze potências marítimas como Espanhóis, Ingleses, Fenícios e vários outros, mas não cita Portugal.

E a explicação é simples e pode ser atribuída a vários fatores históricos, culturais e políticos.
Durante os séculos XV e XVI, Portugal foi pioneiro nas explorações marítimas. Mas os demais países da Europa como Espanha, Inglaterra e os Países Baixos, eram as grandes potências da época e influenciavam o comércio. E a colonização das Américas pela Espanha provocou uma maior visibilidade do país nos círculos europeus.
A Inglaterra, apesar de ser aliada de primeira hora de Portugal, estava mais preocupada com as colônias portuguesas, que lhe trazia grandes lucros. A Inglaterra sempre foi uma grande potência naval e comercial e dominou a narrativa histórica.

Por muito tempo o ensino na Europa minimizava as contribuições de países pequenos ou menos importantes como Portugal. Eles projetaram muito mais suas próprias realizações históricas em detrimento dos descobrimentos portugueses como Fernão de Magalhães (que deu nome ao Estreito de Magalhães e realizou a primeira circum-navegação do globo em 1519-1522, provando que a Terra é redonda), Vasco da Gama (que encontrou o caminho marítimo para as Índias), Bartolomeu Dias (que chegou ao Cabo da Boa Esperança em 1488) ou mesmo o Italiano Amerigo Vespucci (que emprestou o nome aos novos continentes e navegou pela costa brasileira – Veja aqui) e vários outros.

Mas o império português começou a cair já no século XVII. Portugal perdeu parte de suas colônias e também sofreu com a diminuição de seu poder naval enquanto os outros ainda mostravam grande poderio e prosperidade.
Além do que, cada país tem seu próprio currículo escolar. Normalmente o foco está em mostrar as qualidades da nação e não as derrotas humilhantes. Só para citar, os estudantes holandeses jamais ouviram falar das invasões holandesas no Brasil no século XVII. Os holandeses ocuparam o nordeste brasileiro por mais de 20 anos (leia um pouco disso aqui) e foram expulsos pelos portugueses (uma parte deles fundou Nova Iorque – outra coisa que não se fala por lá).

Popularmente, exploradores como genovês Cristóvão Colombo, que navegou com as cores da Espanha, são celebrados e lembrados como os maiores de sua época. Portugal não teve o mesmo reconhecimento, mesmo sendo muito mais competentes nas questões marítimas. Colombo morreu achando que tinha chegado às Índias e Portugal já sabia que isso não iria acontecer antes mesmo dele sair da Espanha. A prova final de que a nova terra não era a Índia, veio pelas observações de Vespucci ao navegar pela costa do Brasil, em 1501.

Portugal dominou a ilha chinesa de Macau por muitas décadas e foi o grande responsável pelo início do desenvolvimento dessa ilha. Apesar de tudo que foi dito acima, era uma nação bastante respeitada (veja aqui).
A história privilegia nações amplamente reconhecidas. Portugal não teve esse reconhecimento, mesmo com tantos grandes navegadores e enorme conhecimento de navegação.
Muitas invenções foram atribuídas a personagens que não, necessariamente, as fizeram. A história é contada e escrita pelos mais fortes e, consequentemente, pelos mais influentes. Veja a lâmpada e o avião, entre outros, e tudo o mais que foi dito acima.
E tem mais:
– Dizem que o Português tem a fala mais “fechada” por conta das invasões que sofreu por Napoleão. Essa forma de falar pode ter sido influenciada pelos franceses.
Texto adaptado por Renzo Grosso de publicações, jornais, Markus Hofrichter e outros.