Brasil, vitrine do mundo

Diversos

Fim da ilusão.

O Brasil vai sair de novo da vitrine.
A Olimpíada, que deveria ser um bom momento para o país, será mais uma façanha da incompetência.

Falta pouco.
E as coisas andam am cima da hora no centro olímpico do Rio de Janeiro, mas tudo vai ficar pronto a tempo. Menos a Baía da Guanabara, o cartão postal do Rio, que deverá sobrar esgoto para todos.

Tanto a prefeitura, como o governo do Rio prometeram a despoluição da baía para não atrapalhar as provas de iatismo. Dias atrás, um veleiro “atropelou” um freezer danificando o barco e jogando os iatistas no mar. Imagine isso numa prova oficial, vista por bilhões de pessoas no mundo todo.

Mas a culpa não é toda do Brasil.
O COI – Comitê Olímpico Internacional – disse amém para aquilo que qualquer estagiário de engenharia já sabia: não dá para despoluir a baía em tão pouco tempo. O rio Tâmisa, que corta Londres e, em 1957 estava morto como o Tietê, precisou de quarenta anos para ver o primeiro peixe de volta. O rio Sena, em Paris, ainda tem resíduos não tratados, mas conta com centenas de estações de tratamento ao longo dele. Já foram gastos alguns bilhões na despoluição da baía e parece que nada adiantou. Vide esse caso do freezer.

Convenhamos que não deve ser fácil. A baía é enorme e tem milhares de pequenos afluentes domésticos e industriais, além de rios e o próprio oceano. Todos os envolvidos são culpados por isso, até o COI que sabia da dificuldade.

E o Brasil vai perder a vitrine por conta das pedras que o mundo vai jogar. De novo !
Parece não fazer diferença de que lado estamos. Os governos se preocupam com o imediatismo e não em resolver em definitivo. A vontade do administrador público tem a duração de seu mandato.

Pode demorar décadas, mas um dia as coisas deveriam estar resolvidas. A teimosia dos mandatários em repetir erros é o reflexo deles mesmos e do povo que os elegeu.

O Rio Tietê, que atravessa a cidade e o estado de São Paulo ao longo de seus 900km, já viu a poluição alcançar cerca de 240km interior adentro. Chegou a 70km e hoje voltou a 150km. O rio continua morto na cidade, a despeito dos cisnes que aparecem ali de vez em quando, e o volume de recursos despejados nessa tarefa é digno de país rico. Mas o rio só piorou.

De fato, o Brasil poderia ter mostrado um exemplo de competência e comprometimento, mas não é isso que o mundo vai ver. O mundo verá um país despreparado, corrupto e com dificuldades em realizar grandes projetos. Ficamos fora da Estação Espacial Internacional porque não conseguimos fazer uma peça que qualquer país com um pouco de tecnologia e boa vontade conseguiria.

O Porto Maravilha não estava programado como questão olímpica, mas vai ficar pronto, mesmo que em detrimento de outras obras, o que é uma excelente notícia.

A Copa do Mundo e a Olimpíada deveriam ser os meios de propaganda do Brasil. E, mesmo perdendo mais uma chance, ainda fica a esperança que um dia isso mude.

NE: “A Terra dos Cegos” (1904) é um conto de HG Wells.

 

 

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