
Nostradamus E As “Previsões”
Michel de Nostredame, conhecido como Nostradamus, nasceu em Saint-Rémy-de-Provence em algum dia de dezembro de 1503 e foi um conhecido astrólogo, médico e vidente francês. Seu mais importante trabalho foi o livro “Les Prophéties“, onde ele previa eventos futuros. Esse livro foi publicado pela primeira vez em 1555 e nunca mais deixou de ser publicado até os dias de hoje.

Desde a publicação, Nostradamus chamou a atenção de várias pessoas, que, junto com a mídia popular, acreditaram que ele tinha a capacidade de prever o futuro.
Nostradamus não é muito diferente de qualquer astrólogo de hoje em dia, quando eles “preveem” a morte de uma pessoa muito influente ou uma crise sem igual no planeta ou mesmo uma guerra brutal. Nada que já não aconteça desde que o mundo é mundo.
Sempre que alguma coisa acontece, alguém encontra uma forma de conectar esse evento a uma “previsão” de Nostradamus.
Recentemente, com a morte do papa Francisco, as “previsões” de Nostradamus voltaram ao noticiário dizendo que, segundo os teóricos da conspiração, esse seria o início do declínio da Igreja Católica.
Acontece que Nostradamus jamais escreveu qualquer coisa que apontasse diretamente a um evento. Tudo o que ele escreveu foi em formato de quadras que são livremente interpretadas por quem quiser se dar ao trabalho. Aí invocam as “previsões” de Nostradamus como se isso tivesse sido realmente previsto por ele.
Especula-se que, sobre o papa Francisco, um trecho do livro diz:
“Com a morte de um Pontífice muito velho/ Um romano de boa idade será eleito/ Dele se dirá que enfraquece seu assento/ Mas ele permanecerá sentado por um longo tempo e em atividade mordaz”.

Bem, os pontífices, em geral, morrem com idade avançada e não foi eleito um romano e, sim, um norte-americano.
Os teóricos da conspiração argumentam todo o tipo de bobagem cada vez que alguma coisa importante acontece no mundo. Quando François Mitterrand foi eleito presidente da França, oriundo do então Partido Socialista e que tinha uma rosa vermelha como símbolo, alguém encontrou uma quadra de Nostradamus que dizia alguma coisa como “…quando a rosa vermelha florescer na França….” e foi rapidamente interpretada como a ascensão do Partido Socialista e que haveria “uma revolução, guerra ou alguma coisa de forte impacto na história do país”.
Nostradamus foi o queridinho da aristocracia francesa numa época que prever o futuro era a coisa mais importante que alguém poderia fazer. Ele era aclamado por todos e reverenciado até mesmo por reis, que não entravam numa guerra sem consultar os astros. Se bem que hoje em dia não é muito diferente com muitas pessoas que não fazem nada sem antes consultar o horóscopo.

Há muito tempo que a astrologia deixou de ser uma arte, se é que foi um dia. Mas continua com muitos seguidores, tanto que todo início de ano, os principais veículos de comunicação gastam horas divulgando as “previsões” de um astrólogo que sonha com seus quinze minutos de fama; e sempre vem a mesma coisa: uma morte importante, uma guerra, uma jornada de sei lá o quê e muito blá, blá, blá com imagens de búzios, cartas, oferendas e muitas outras coisas.
A astrologia diz que, no dia do nascimento, as posições dos planetas e/ou estrelas podem afetar a personalidade de uma pessoa e vários outros comportamentos relativos a ela. Nada disso jamais foi comprovado e muita gente ainda acha que seu signo é o responsável por algum tipo de emoção ou seja lá o que for. Quando começaram a perceber diferenças entre as pessoas que nasciam naquela mesma data e compartilhavam dos mesmos astros, criaram o “ascendente“, ou seja, você é assim não por conta apenas de seu signo, mas de seu ascendente, além de uma porção de outras coisas.
Não há ciência alguma envolvida na astrologia. Desde o século XVIII ela já era considerada uma pseudociência, o que significa que não tem nenhum embasamento científico que corrobore a sua existência. Basta acontecer alguma coisa e vem à tona todo tipo de teoria da conspiração.
Muitas pessoas que consultam um “vidente“, afirmam que ele realmente acertou em tudo. Só que esse “vidente” nada mais faz do que sugerir alguma coisa para o “consulente” e este entrega a maioria dos “acertos” sem perceber. Pura esperteza do “vidente”.
A previsão mais famosa que se tem notícia vem do livro de Gênesis, da Bíblia, que narra a história de José do Egito e é notadamente (e considerada como) um conto de fé em Deus. José, era o filho favorito de Jacó e Raquel, que foi vendido como escravo pelos seus irmãos invejosos. Anos depois, já no Egito, ele caiu nas graças do faraó Maaibre Sheshi I por interpretar os sonhos deste, que mostravam sete anos de fartura seguido por sete anos de fome severa. A própria Bíblia considera essa história como um conto, mas a existência do faraó foi comprovada por achados arqueológicos recentes e que traziam seu nome.

Texto de Renzo Grosso