O que lembro, tenho.

Diversos

Por Nilu Lebert

A frase, do mestre Guimarães Rosa, me faz lembrar que o registro cultural de um país é tão necessário quanto a própria arte. Pesquisadores e historiadores discutem a importância da memória, de documentos e de arquivos na preservação da nossa história, mas constato que a amnésia é cada vez maior, especialmente em relação aos artistas que fizeram a diferença no cenário cultural do Brasil ao longo do tempo .

Há alguns anos foi desativada a Coleção Aplauso (da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), um projeto que reuniu centenas de livros que registram a vida e obra de diversos atores, diretores, roteiristas, músicos, cenógrafos e escritores de destaque na segunda metade do século 20. Eu mesma tive a honra de escrever alguns deles, entre os quais a biografia de Sergio Viotti (alguém se lembra dele?), Beatriz Segall e Walter George Durst. Felizmente todos esses livros estão digitalizados e com acesso gratuito no site http://aplauso.imprensaoficial.com.br/

Um país sem memória é um país sem futuro

Ainda que a Coleção Aplauso tenha sido abortada, só o fato de ela ter existido me deixa confiante, e admito existir outros bons motivos para discordar de Jorge Amado quando, indignado com o ostracismo da obra de Érico Veríssimo, afirmou que “se você morrer em um país sem memória, imediatamente te esquecem”. Alimento minha esperança quando leio as biografias escritas por Ruy Castro. Seus livros nos fazem mergulhar na alma de Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmem Miranda, ou, também, na de Assis Chateaubriand através da competente narrativa de Fernando Morais em seu livro Chatô, O Rei do Brasil.


Em tempos em que o imediatismo das pesquisas on line minimizam ou omitem informações valiosas e por vezes contraditórias, lamento o fechamento (desde 12/05/2016) do Museu Nacional, mantido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com sede na Quinta da Boa Vista. O motivo alegado é a falta de verba para pagar os serviços de limpeza e de vigilância…

Apesar de tantas evidências de descaso, insisto em manter o otimismo torcendo para que instituições como o MIS (Museu da Imagem e Som) de São Paulo continue ampliando seu acervo tornando acessível o acesso a informações preciosas e exposições que instigam e despertam a sensibilidade e a curiosidade da população. Afinal, não é esse o papel da arte?(http://www.mis-sp.org.br/sites/default/files/guia_do_acervo_arquivistico_mis.compressed.pdf)

Nilu Lebert, é jornalista, autora dos livros O Cinema vai à Mesa, Bebendo Estrelas (ambos com a parceria de Rubens Ewald Filho), Bistro e Trattoria, Cozinhas da Alma, Natureza para Comer, e das biografias de Beatriz Segall, Fulvio Stefanini, Jonas Bloch e Sergio Viotti para a Coleção Aplauso da Imprensa Oficial do Est. de São Paulo. Site: http://www.filmescomsabor.com.br

 

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