Dois Parlamentos – Dilma e Collor

Política

Collor foi processado por conta de um cheque de 30 mil alguma coisa, que foi usado para adquirir um Fiat Elba. Mas o cheque era denominado “fantasma”, aqueles emitidos pelo PC Farias de contas que não existiam ou pertenciam a laranjas.

Dilma protagonizou as conhecidas “pedaladas”, que todos os presidentes anteriores também promoveram.

O que diferencia Dilma e Collor dos demais presidentes é a forma com que trataram o Congresso. Ambos acharam que mandavam no país e que as urnas lhes davam o apoio necessário a fazer o que bem entendiam.

Collor ostentava tudo o que a presidência poderia lhe proporcionar como as concorridas subidas e descidas na rampa com os convidados da semana, exibição das famosas camisetas com frases de efeito e até fez questão de voar como passageiro em um Mirage da FAB.

Dilma usou e abusou da mesma sensação de poder. Não quis papo com o Congresso, só ouviu conselhos do partido e de pessoas sem competência para tal e achou que, se tinha Lula ao seu lado, não precisava de mais ninguém.

Na esteira do autoritarismo que já não existia há décadas, Lula quis expulsar do país o jornalista americano Larry Rohter, correspondente do The New York Times no Brasil, mas percebeu rapidamente que as coisas não funcionavam assim. Ainda!

Collor dizia ter “aquilo roxo” e Dilma achava que também tinha. E os dois foram pegos na armadilha da empáfia.
A exemplo de Collor, Dilma ainda tenta falar em pacto para salvar seu mandato. Tarde demais.

Ainda assim existe a mania de falar em golpe, a ponto de um funcionário do Itamaraty enviar telegramas para as embaixadas com alertas nesse sentido no Brasil.
Segundo o jornal ‘O Globo’, o funcionário Milton Rondó Filho foi advertido e perdeu o direito de autorizar comunicações do órgão.
Essa não era a atitude correta de um órgão responsável pela diplomacia de um país.   Denegrir lá fora a imagem das instituições que simplesmente seguiram o ritual da Constituição Nacional é, no mínimo, criminoso.

E “golpe” é a defesa padrão para qualquer presidente que se sentir ameaçado de perder o emprego.  Até Nixon falou isso.

A votação do processo de impeachment de Dilma na Câmara foi um desfile de bobagens. A exemplo da de Collor, os deputados proferiram votos pelos filhos, pela esposa e até uma certa rapariga.

Jair Bolsonaro (PSC-RJ) votou pela memória do coronel Brilhante Ustra, ativista do DOI-CODI de São Paulo e será processado pela OAB por essas declarações.
Glauber Braga (Psol-RJ) votou por Marighella e vários terroristas, mas ninguém falou em processo.
Augusto Coutinho (SD-PE) votou para “Que o maior símbolo deste país volte a ser verde e amarelo”. Foi o melhor de todos os votos, não importando para que lado.

São processos políticos e nada mais.  Outros fizeram coisas ainda piores e nada aconteceu.
Mudar as moscas do governo com ou sem impeachment, é o mesmo que um doente terminal que, ao ver o padre, sente até um certo conforto. Mas nada vai mudar o destino.

Curioso é que até o PCB ou a extrema esquerda fala sempre em democracia.

E o país está tendo uma nova chance de crescer. Vamos esperar para ver.

NE: “Dois Parlamentos”, (1960), é uma obra de João Cabral de Melo Neto

 

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