O Pior Dos Cafés

Diversos

O Brasil é o maior produtor e exportador de vários tipos de commodities como café, carne, soja, açúcar, minério de ferro e outros. De todos esses, apenas a soja nos coloca em segundo lugar na produção mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

Isso não faz com que o Brasil siga o exemplo de outros países do mundo que mantém em seu território os melhores produtos e exporta os demais. Na Itália, por exemplo, o presunto San Daniele não é um produto que custa pouco, mas as peças de melhor qualidade ficam para os italianos. O restante, que ainda é de ótima qualidade, é exportado. O mesmo acontece com os vinhos. A França e Portugal seguem o mesmo princípio e também muitos outros países que promovem os produtos nacionais com preços bem em conta! Especialmente nos locais turísticos.

Vivemos num país que é o maior produtor e exportador de um produto que é unanimidade mundial: o café.  É a terceira bebida mais consumida no mundo, atrás apenas da água e do chá e, aonde quer que você vá, o café preferido no mundo todo é o colombiano.

Anos atrás, mais precisamente na década de 1970, muitas cafeterias na Itália ostentavam um luminoso redondo, com fundo azul marinho e o desenho de um ramo de café no centro, e as palavras “Café do Brasil” em volta. Assim mesmo, em português e essa marca era bastante reconhecida pelos italianos.  Esses luminosos perderam espaço e já não existem mais.   Nos aeroportos brasileiros, comprávamos sacos de café tipo exportação em grãos e já embalados em sacolas do tipo “maleta” para presentear as pessoas no exterior.

Em tempo: numa época em que não havia muito o que fazer nas madrugadas paulistas (anos 1970), o paulistano tinha o hábito de ir ao aeroporto de Congonhas, onde era possível apreciar um dos melhores cafés da cidade.

O café colombiano e seu marketing começou a ameaçar a hegemonia brasileira ainda nos anos 1990 e se tornou o café queridinho no mundo todo. Hoje o “Colombian Coffee” está presente na maioria dos lugares e o servem como um grande diferencial de qualidade e sabor.

Nos anos 2000, surgiram em São Paulo dezenas de cafeterias “Gourmet” com cafés especiais e menus elegantes, divulgando o café colombiano, etíope, equatoriano, vietnamita, etc e, teoricamente, com qualidade e sabores diferenciados. Poucas, bem poucas, dessas casas sobreviveram pela óbvia razão que nem 1% da população, se tanto, consegue diferenciar ou faz questão de um determinado tipo de café. E essas poucas casas ainda sobrevivem graças ao café tradicional e à comidinha que ele agrega – entenda o pão de queijo ou o pão na chapa.

Sou fã daquelas enormes máquinas de café expresso italianas que ainda encontramos nas melhores padarias e cafeterias, acompanhadas do ruidoso moedor de café. Mas, até por uma questão de custos e praticidade, a Nespresso e companhia, com seus cafés em cápsulas, vem ganhando espaço também pela mesma razão que as cafeterias gourmet acabaram: pouca gente é capaz de apreciar o verdadeiro café. Um bom barista não pode nem ouvir falar num café que não seja aquele moído na hora e bem tirado na verdadeira máquina de café expresso.

Ainda falando em café, aquilo que deveria ser um presente ao paladar dos turistas que visitam o Brasil, é vendido a peso de ouro nos aeroportos brasileiros e com péssima qualidade. No início de 2020 no Aeroporto de Guarulhos, um cafezinho expresso, servido em copinhos de papel, custava cerca de dez reais e era muito, mas muito ruim.  E a culpa disso não era do copinho!  Sem falar no péssimo atendimento que parece ser comum em todos os aeroportos.

A carne bovina também é caríssima neste país que também ostenta o primeiro lugar na produção e exportação. Só que o brasileiro não sabe o que é isso na maioria dos dias do mês. O frango até que ainda dá pra comprar.

A soja, que é a grande vedete das exportações do agronegócio do Brasil, sempre supera recordes de produção ano após ano e, mesmo assim, um litro de óleo de soja custa mais de R$ 7 reais (em abril/2021).

Vários outros produtos são caríssimos no Brasil só por conta da fama de “coisa de rico”. Nessa linha estão o camarão e a lagosta, largamente pescados no nordeste e chegam aos supermercados do sudeste/sul a preços absurdos. Em abril/2021, um quilo de camarão tipo jumbo custava mais de R$ 500,00 quando esse mesmo camarão era vendido no nordeste por menos de R$ 80,00 o quilo.

O Brasil produz muita coisa que deveria ficar aqui, para os brasileiros e com preços razoáveis. Ou, pelo menos, com preços fixados para o mercado nacional, sem considerar os preços internacionais das commodities. Alguns países conseguem fazer isso e seria muito bom se nós também conseguíssemos.

Enquanto isso, vamos pagando caro por produtos ruins que ficam aqui.

 

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