Bertha Benz e a Primeira Viagem de Automóvel

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Ela nasceu Bertha Ringer, em 1849, em uma família rica de Pforzheim, no então Grão-Ducado de Baden. Era a terceira de nove filhos do casal Ringer, Auguste e Karl. A educação era negada às mulheres nessa época, mas Bertha se interessava por mecânica e pelos mecanismos que o pai carpinteiro fazia. Foi o pai quem lhe explicou como funcionava uma locomotiva e autorizou que ela fosse a uma escola para meninas aos 9 anos. Ela adorava ciências naturais e, dizem, que ela ficou magoada com o pai quando este escreveu na Bíblia familiar que, infelizmente, ele era pai de outra menina.

Bertha era bonita, inteligente e rica. Em 1869 ela conheceu um engenheiro quase falido, que falou sobre uma carruagem sem cavalos que ele vinha construindo. Isso provocou sua curiosidade e atenção imediatamente. O nome desse engenheiro era Karl Benz.

Anos antes de conhecer Karl, ela investiu dinheiro numa fundição. Só que, ao se casar, pelas leis alemãs da época, a mulher perdia qualquer poder legal e qualquer decisão tinha que ser conduzida pelo marido: Karl. Eles se casaram em 20 de julho de 1872 e Karl usou o dote de Bertha para investir em seus negócios: a Benz & Cie.

Ele terminou seu projeto da carruagem sem cavalo em dezembro de 1885. Mesmo sendo ela a investidora no processo de desenvolvimento, como mulher casada ela não podia requerer a patente. A vida do casal nunca foi fácil. O povo considerava a invenção de Karl uma loucura, inútil e perigosa. Eles passaram fome, muitas humilhações públicas, mas insistiram na invenção e no registro. O casal Benz teve cinco filhos: Eugen (1873–1958), Richard (1874–1955), Clara (1877–1968), Thilde (1882–1974) e Ellen (1890–1973).

A patente
Em 1886, Karl apresentou o automóvel Patent-Motorwagen ao mundo. Ele construiu apenas 25 desses em uma década. Esse modelo, o I, era basicamente um triciclo (feito com base em uma bicicleta) e foi a patente original do carro motorizado e o primeiro automóvel do mundo. Já o Modelo II foi feito com quatro rodas, sendo o único deste modelo. O Modelo III, com vários opcionais de fábrica, foi o primeiro a vender relativamente bem.

A primeira viagem de automóvel
Foi o Modelo III, Benz Patent-Motorwagen Number 3 de 1886, que Bertha Benz usou na primeira viagem de longa distância (106 Km).Em 5 de agosto de 1888, aos 39 anos, ela dirigiu de Mannheim até Pforzheim, com seus filhos Richard e Eugen, de 13 e 15 anos de idade, sem contar ao marido e sem nenhuma autorização legal, fazendo dela a primeira pessoa a dirigir um automóvel a uma longa distância, e também a primeira a fazê-lo ilegalmente. Antes desta viagem histórica, os veículos motorizados cobriam distâncias curtas, voltando sempre ao ponto de partida, geralmente com a ajuda de um mecânico.

Seguindo as trilhas das carroças, esta viagem cobriu 106 km. A razão oficial da viagem era para Bertha visitar a mãe, mas ela tinha outros motivos: provar ao seu marido que o invento no qual eles tanto investiram poderia se tornar um sucesso comercial. Bastava mostrar-se útil para o grande público.

Bertha saiu cedo de Mannheim e ainda resolveu alguns assuntos pelo caminho, demonstrando grande conhecimento técnico do veículo. O suprimento do tanque era de apenas 4,5 litros de combustível. Sem contar com combustível de reserva, ela precisou usar um outro produto, a ligroína, para fazer o automóvel rodar. Por se tratar de um produto à base de petróleo, ele só era vendido em boticários ou farmácias. Em Wiesloch ela parou numa farmácia e comprou ligroína. Assim uma farmácia se tornou o primeiro posto de combustível no mundo.

Para consertar o veículo, ela limpou o cano de combustível com o alfinete do seu chapéu e usou uma parte da cinta-liga para isolamento térmico. Outro problema era o sistema de freios: ela parou em um sapateiro, que confeccionou correias novas de couro e instalou no veículo. O automóvel contava com um sistema de refrigeração que era usado para esfriar o motor, o que a obrigava a abastecer com água a cada parada. As engrenagens do carro (ou o câmbio rudimentar) não conseguiam levar o veículo colina acima e, muitas vezes, Eugen e Richard tiveram que empurrá-lo para subir.

Foi uma longa viagem e Bertha chegou a Pforzheim no final da tarde. Ela telegrafou ao marido informando que a viagem tinha sido um sucesso. Ela faria essa mesma viagem outras vezes.

Essa primeira viagem deu a Bertha, e ao automóvel, muita notoriedade, que era o que ela queria. Esta viagem foi fundamental para consertar falhas técnicas e o casal fez diversas melhorias na invenção. Foi ela quem sugeriu novas engrenagens para locais íngremes e correias melhores para tornar a freada mais eficiente. Junto com o primeiro carro do mundo, surgiu também o primeiro test-drive, essenciais para o rendimento e para a segurança dos passageiros.

Últimos anos
O casal tinha se mudado para Ladenburg em 1906, onde Karl abriu sua empresa. Pouco depois da mudança, Karl escreveu:
“Só uma pessoa ficou comigo neste pequeno barco da vida que parecia destinado a afundar. Esta pessoa foi minha esposa. Corajosa e resoluta, ela içou as velas da esperança.”
Ele morreu em 4 de abril de 1929, em Ladenburg, de pneumonia, aos 85 anos.

Em 1944, em seu aniversário de 95 anos, Bertha foi laureada com o prêmio de Senadora Honorável do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, local onde seu marido tinha se formado e de onde ele recebeu um título honorário de doutor. Dois dias depois, em em 5 de maio de 1944, Bertha morreu em sua casa em Ladenburg.

Mannheim é uma cidade alemã que está a 84 Km de Frankfurt. A Rota Bertha Benz oficialmente começa no centro de Mannheim, de onde Bertha partiu no dia 5 de agosto de 1888.

Na praça Wasserturm tem uma réplica do carro com um monumento em homenagem a Karl Benz.

Veja também:

Memorial Bertha Benz (em inglês) 

Trecho do filme promocional (em inglês) – Link Youtube

Fontes: Wikipedia e artigos da Internet
Imagens: Internet

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