A Mulher Mais Famosa Do Cinema

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Você nem sabe o nome dela, mas já a viu muitas vezes.   Ela é conhecida como a ‘dama da tocha‘ e aparece em centenas de filmes da Columbia Pictures. É um ícone dos filmes dessa produtora. Não sabemos a identidade delas, apenas suposições já que nem a Columbia sabe, e só conseguimos saber a identidade da última delas.

Esta mulher aparece apenas 18 segundos em cada filme, mas faz isso em centenas deles. No ano passado, estreou em vários outros. É possível de que essa seja a pessoa que você mais viu na história do cinema. Mas quase ninguém sabe como se chama.   Apenas a ‘dama da tocha’.

Ela abre todos os filmes da Columbia Pictures desde 1922, contados em centenas. E embora o logotipo tenha mudado várias vezes em seus 100 anos de história, a figura da ‘dama da tocha’ permanece inalterada. A única mudança aconteceu no filme “Até que Enfim é Sexta-Feira!“, da Motown, onde a ‘dama da tocha’ começava a dançar.

O logotipo da Columbia Pictures é reconhecido em todo o mundo. Está no nível do leão da Metro Goldwyn Mayer, do castelo da Disney ou a montanha da Paramount (que, dizem, é o pico Artesonraju, do Peru). O que é menos conhecida é a história por trás da mulher da tocha e até mesmo sua identidade.

Só se sabe com certeza qual é a mulher que apareceu no logotipo da empresa nos últimos 30 anos. Em 1992, a Columbia Pictures pediu ao pintor Michael Deas, conhecido por seus retratos de presidentes e estrelas do cinema clássico, que reformulasse a popular imagem. Para isso, Deas pediu a ajuda da fotógrafa Kathy Anderson para lhe dar imagens de referência. Em julho de 1991, Kathy pediu a uma de suas colegas de trabalho em um jornal de Nova Orleans, a designer gráfica Jenny Joseph (foto abaixo), que posasse diante de um pano preto, usando uma túnica e segurando uma tocha.

Jenny não imaginava que aquela imagem seria a mais vista nos cinemas de todo o mundo. Dizem que foi escolhida porque tanto Michael como Kathy achavam que se parecia com a mulher da tocha que aparece nas versões anteriores do logo da famosa produtora. Jenny não era modelo, como contou a própria Anderson: não tinha posado antes para uma câmera, nem voltou a fazer isso depois.

Mais tarde, Jenny se mudou de Nova Orleans para o Texas, casou e teve filhos. Crianças que cresceram tranquilamente com a ideia de que sua mãe aparecia sempre nos cinemas antes do início de alguns dos filmes de maior bilheteria de cada ano. Uma curiosidade: algumas pessoas acharam que a mulher era a atriz Annette Bening, por encontrarem uma certa semelhança com ela. Foi um rumor que circulou em Hollywood por alguns anos. Em alguns sites, Bening aparece como uma das ‘damas da tocha’, mas não é.

Mas quem apareceu antes nessa mesma posição? É muito complicado determinar o nome das mulheres que seguraram antes a tocha, embora o cinema seja uma indústria na qual tudo é gravado e registrado para a memória. Mas, de acordo com a Columbia Pictures, não há documentação para comprovar se algumas das mulheres que afirmam ter sido a ‘dama da tocha’ estão dizendo a verdade.

Uma delas poderia ser Claudia Dell. Aparece em uma autobiografia de Bette Davis (The Lonely Life, 1962), em que a atriz  se refere a uma “jovem Claudia Dell, cuja imagem foi usada como logotipo da Columbia Pictures durante anos”. Dell (1910-1977) foi uma atriz de cinema e televisão que nunca chegou muito a Hollywood e estagnou em filmes B, mas se casou com homens poderosos na Califórnia e levou uma vida abastada.

Evelyn Venable, que afirmava ter sido a modelo do logo da Columbia Pictures em 1939, em uma imagem publicitária tirada em Londres em 1935 – GETTY IMAGES.

Outra era Evelyn Venable (1913-1993), atriz mais conhecida por seu papel em Uma Sombra que Passa (1934), que nos anos 1990 teve um remake chamado Encontro Marcado, estrelado por Brad Pitt. Ela afirmou ter sido modelo para o logotipo da Columbia em 1939. O site do IMDB considera o dado confiável.

Depois vem Amelia Batchelor (1908-2002, na foto ao lado), que em uma reportagem da revista norte-americana People é apresentada como a mulher que posou para o logotipo da tocha durante anos desde 1936. “Um dia, Harry Cohn (que foi o primeiro presidente da companhia) me disse: ‘Vá para o vestiário, eles vão te vestir. Há um artista italiano que quer te pintar. Isso foi em 1935 ou 1936. Eu era uma artista contratada e por 75 dólares por semana fazíamos de tudo, exceto esfregar o chão”.

Amelia, segundo seu relato, nunca perguntou para que seria aquela pintura. Descobriu alguns anos depois que sua imagem aparecia no começo de todos os filmes da Columbia. “Direitos de imagem? Você está brincando? Não pagavam nada disso a ninguém naquela época. Isso foi muito antes de haver sindicatos.” Como anedota, o seguinte: Amelia disse que muito mais tarde, quando a identidade da ‘dama da tocha’ começou a intrigar a imprensa e os espectadores, telefonou para a Columbia para dizer que era ela, no caso de que quisessem escrever algum tipo de história ou comunicado sobre isso. Mas a moça que a atendeu não acreditou nela por uma razão muito simples: dezenas de mulheres tinham telefonado antes dizendo a mesma coisa.

Jane Bartholomew (GETTY IMAGES)

Uma dessas outras garotas poderia ser Jane Bartholomew. O jornal norte-americano Chicago Sun Times considerou boa a sua história e publicou uma reportagem sobre ela. Segundo Bartolhomew, seu rosto é o que aparece nos anos quarenta (o que confrontaria sua história com a de Batchelor) e foi recrutada, como no caso anterior, pelo chefe Harry Crohn. Isso aconteceu em 1941, de acordo com sua história, e ela recebeu 25 dólares. O jornal acompanhou a reportagem com uma imagem realmente bonita: a já idosa Jane posa em seu quarto de uma casa de repouso, enquanto atrás dela, penduradas na parede, aparecem várias fotografias da que provavelmente era ela (ou não) em sua personificação da ‘dama da tocha’.

Evelyn Venable

O curioso desta história é que todos os relatos poderiam ser verdadeiros: o logo da Columbia Pictures é uma pintura e os diferentes artistas aos quais o estúdio a encomendava pedem fotografias como referência. Não há dúvidas quanto à última encarnação da identidade porque todos os envolvidos estão vivos e há até vídeos da sessão. Seria possível que nos anos trinta ou quarenta o artista se inspirasse em diferentes fotografias para desenhar a sua “torch lady“, como é conhecida em inglês a figura que abre todos os filmes da produtora. Essa figura que, sem nome, sem dados e sem história, é a mulher que vimos mais vezes quando a luz do cinema se apaga. Mas, antes de Jenny Joseph, será difícil conhecer a identidade das outras: todas estão mortas.

Fontes: BBC e El Pais

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