
As Revoluções
Nenhuma revolta em nome do povo foi realmente boa para o povo !
Os regimes denominados extremistas são sempre regimes revolucionários e trata-se, na realidade, de regimes autocráticos. As revoluções e o autoritarismo andam sempre juntas, não importa se o governo é de direita ou esquerda. Invariavelmente, esses países sofrem embargos econômicos que mais atingem a população do que o governo, o que acaba sendo uma “ajuda” ao ditador que põe a culpa de tudo no embargo.

A revolução Francesa, em 1789, é aquela em que a história é a mais deturpada que existe. Ela entrou para a história como a grande revolução popular, como um modelo para a libertação em todo o ocidente, desde os movimentos de libertação na América do Sul até a revolução Russa de 1917. Mas essa imagem maravilhosa escondia a grande realidade de um movimento revolucionário: a crueldade.
Milhares foram mortos na Revolução Francesa, sem contar aqueles que a fizeram e foram perseguidos, presos, exilados ou executados sem dó: o próprio Robespierre que o diga. As revoluções, por óbvias razões, ganharam espaço através da força e governarão também através da força ! E isso é inevitável para manter-se no poder.
As revoluções costumam passar por estágios bem definidos, como a revolução russa de 1917 ou a cubana, em 1959. Começam com um governo impopular, que leva a insatisfação de parcelas da população, causando uma revolta popular armada que vai derrubar o poder constituído e implantará um regime autoritário ou ditatorial, que governa com o terror e perseguição aos adversários. Ou seja, fazem ainda pior do que aquilo que criticavam no regime anterior.
Muitas vezes as revoluções ocorrem por questões pessoais. A revolução francesa culminou com a imposição do cargo de Imperador por Napoleão Bonaparte, que abusou da falta de comando do governo após a derrubada da monarquia. Bonaparte tornou-se um déspota e seu regime foi tão ditatorial quanto as monarquias totalitaristas e retrógradas que a revolução combatia. Mas ele conseguia se manter no poder ao se mostrar um grande estrategista e “libertador”.

Fidel Castro, Stálin ou Mao Tsé Tung, tinham uma enorme sede de poder, confirmada por seus biógrafos, e alguns acreditam que isso estava relacionado com suas origens. Fidel era filho bastardo, mas pertencia a uma família que estava entre a elite agrária local e que era discriminada pela sociedade cubana. Fidel era constantemente humilhado por seus colegas de escola.
Stálin era alguma coisa como classe média numa pequena cidade do Império russo. Seu pai, alcoólatra, acabou com as economias da família, o que os levou a viver de caridade. E ainda havia a suspeita de que Stalin também seria um filho ilegítimo. Tudo isso o coloca no mesmo nível de Fidel.
O pai de Mao Tse Tung, Mao Yichang, era um camponês empobrecido, mas conseguiu enriquecer. Cresceu em Hunan rural, e descreveu o seu pai como um disciplinador severo, que lhe batia e aos seus irmãos.
Diante disso, eles desenvolveram uma personalidade autoritária e sempre buscaram destacarem-se na escola, com os amigos ou nas organizações políticas. Ao ser aceito no Partido Comunista Cubano, Fidel chegou até a planejar dar um golpe no próprio partido. Isso explica muita coisa sobre sua personalidade.
Sem dinheiro, não há regime que sobreviva. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo se dividiu em dois blocos: o “Capitalista“, comandado pelos EUA e atuando principalmente na Europa Ocidental, e o “Comunista“, liderado pela União Soviética e atuando principalmente em países da Europa Oriental. Só que essa divisão não era muito interessante para os EUA porque eles precisavam de consumidores para sua franca ascensão como potência. Isso o levou a interferir na política de vários países, inclusive na União Soviética, argumentando que o fazia em defesa da liberdade e democracia, coisa que o comunismo abominava.
Mao, é considerado “O Grande Timoneiro” e governou a China por três décadas, sempre com mão de ferro. Ele fechou o país ao comércio, derrubou os latifundiários, fez a reforma agrária e estabeleceu o controle central, entre outras coisas, ao custo de 50 milhões de mortos (principalmente opositores). Seus sucessores, mesmo partidários, consideraram certas atitudes como prejudiciais à China e abriram o país novamente ao comércio internacional, sempre com muito controle. A China cresceu e saiu da condição de país agrícola para uma economia baseada na indústria e comércio, um certo tipo de capitalismo à la China, ameaçando o status quo dos EUA como superpotência.

É normal dizerem que o fracasso do Comunismo aconteceu por conta dos embargos sofridos por vários países do bloco soviético e fora dele. Milhões abandonaram esse bloco por conta da pobreza gerada pelas políticas desastrosas instituídas pelos próprios governantes e não apenas por embargos econômicos ou perseguições. A política internacional estúpida e o imperialismo dos EUA durante a Guerra Fria também colaborou fortemente para a ruína o bloco Soviético de tal forma que o povo não teve outra saída senão agradar os EUA.
Dinheiro é sempre necessário em qualquer regime. Ponto ! Até Lênin precisou de dinheiro nos primeiros meses da Revolução Bolchevique e implantou a NEP (New Economic Policy) que, entre outras coisas, trazia divisas para o governo permitindo o regime capitalista em certas regiões.

Muita gente acredita que Cuba é uma ilha de pobreza por conta dos embargos que os norte-americanos impuseram nela. Mentira ! Fidel recebeu muita ajuda (inclusive financeira) da União Soviética e, depois, da Rússia e China. O tal embargo não representou coisa alguma nesse cenário de pobreza.
Nos anos 1970, tivemos revoluções militares por toda a América do Sul, comprovadamente fomentadas pelos EUA, e que geraram milhares de mortos ou desaparecidos. Tudo em prol da liberdade (entenda-se contra o comunismo).
Como afirmei no início, não há revolução que venha para o bem do povo.
Texto de Renzo Grosso e adaptações de notícias