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A História De Dias Que Virão
Entra ano, sai ano e a única certeza do país está nas mãos da própria sorte. Se foi um bom ano, terá sido com as reclamações de praxe, apesar dos problemas com a infraestrutura, os impostos altos, a corrupção… Se o ano não foi bom, então os culpados serão os problemas com a infraestrutura, os impostos altos, a corrupção…
“País do futuro” ou “celeiro do mundo”, o fato é que o Brasil sempre perde o boom do crescimento. Já passamos por várias fases em que o país esteve no centro das atenções e nada fizemos para que isso se convertesse em negócios ou qualidade de vida para a população.
A revista The Economist não demorou mais do que dois anos para estampar o Cristo Redentor travestido em foguete para o mesmo Cristo desgovernado em queda livre. Agora, ela mostra o país no atoleiro com aquela impressão constante que temos do dia a dia brasileiro: os desmandos, a durocracia e a falta de planejamento.
O Brasil já esteve na vitrine do mundo em várias ocasiões e nunca conseguiu aproveitar o embalo. Ou não quis. Está sempre nas últimas posições no ranking da América Latina e, quanto ao BRICS, nem se fala.
Tivemos a Copa do Mundo para mostrar o país da moda e só mostramos a incompetência e as obras inacabadas.
Tínhamos a orgulhosa Petrobrás que agora nos envergonha.
Daqui a pouco teremos a Olimpíada e, quem sabe, poderemos mostrar alguma coisa para o mundo, além dos gargalos e falta de controle, nos quais há uma especialidade brasileira nisso: a corrupção.
Em alguns casos, os governos se preocupam demais com os programas sociais e deixam de lado aquilo que poderia reverter em mais empregos, em mais salários, em mais desenvolvimento econômico e, consequentemente, o social. Eles sempre pintam um quadro bonito da situação, a despeito da recessão que o Brasil já estava no início de 2014. É uma eterna busca de desculpas para explicar o diminuto crescimento da economia e a carência da população em setores tão básicos como a saúde e a educação.
O Brasil está no atoleiro porque não sabe lidar com os problemas que aparecem como a corrupção na Petrobrás, o mensalão e outros que vão ficar na memória. Daqui a pouco não se falará mais da “Lava Jato”, da mesma forma que o mensalão já não é mais notícia. E tudo voltará a ser como antes.
O economista Raul Velloso disse, numa entrevista ao Globo News Painel, que a “Lava Jato” será um divisor de águas da corrupção no Brasil. As empresas vão pensar melhor nas consequencias e a corrupção deverá diminuir consideravelmente.
Não vai. O governo federal já sinalizou que não vai punir empresa alguma e, sim, os funcionários envolvidos na questão. Mais uma vez o país vai perder a oportunidade de entrar na linha, pois a Lei 8666/93, e outras como a nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção), rezam que tais empresas deveriam, no mínimo, ser declaradas inidôneas e impedidas de fornecer aos órgãos públicos por dois anos ou mais.
Mas a desculpa é que o Brasil não pode prescindir dessas grandes empresas, até devido ao desemprego e aos grandes problemas sociais que isso iria gerar. Pois bem.
E com isso as coisas vão continuar como sempre foram.
NE – “A História De Dias Que Virão” (1897), é um conto de H. G. Wells