O Primeiro Voo da América Latina – E Não Foi Santos Dumont

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Dimitri Sensaud de Lavaud nasceu me Valladolid, França, aos 18 de setembro de 1882 e morreu em Paris, em 21 de abril de 1947. Ele foi um engenheiro, inventor e aviador, de ascendência francesa, nascido na Espanha e naturalizado brasileiro, que construiu o primeiro avião nacional e com ele realizou o primeiro voo da América Latina, na então vila de Osasco, São Paulo, no dia 7 de janeiro de 1910.

Ele veio morar em Osasco em 1898 trazido pelo pai, o barão Evariste Sensaud de Lavaud, que mudou-se para o país motivado por oportunidades de negócios e, pela mãe, a russa Alexandrina (Sacha) de Bogdanoff. O jovem decidiu construir o que viria a ser o primeiro avião legitimamente brasileiro.

Casou-se em 1903, com a brasileira descendente de franceses, Bertha Rachoud e desta união tiveram três filhos: Georgeth, Robert e Gabrielle.

Dimitri também voou em São Paulo com um outro aeroplano, um Blériot comprado de Giulio Piccolo, aviador italiano que se acidentou e morreu em São Paulo, em 1910. O voo de Dimitri com esse aeroplano, ocorreu na área onde futuramente seria construído o Estádio Palestra Itália, hoje conhecido como Parque Antártica, no dia 19 de fevereiro de 1911.

Além de aviador, Dimitri foi um inventor prolífico e um personagem importante do Século XX. Com mais de mil patentes registradas, ele revolucionou a indústria mundial de tubos metálicos e trouxe inovações a outras indústrias, como a automobilística e a própria indústria da aviação. Após naturalizar-se brasileiro em 1916, muda-se para o Canadá e, passa a residir definitivamente na França a partir da década de 1920. Em 1925 é condecorado como Cavaleiro da Legião de Honra pela Academia de Ciências de Paris em reconhecimento pelo valor suas pesquisas. Em 1927, em Paris, ele fabricou o Sensaud de Lavaud, um carro com câmbio automático, invenção que só iria se popularizar nos automóveis em fins do século XX. Aliás, essa invenção ainda é motivo de batalhas judiciais e vale um comentário:

A transmissão automática foi inventada em 1921 por Alfred Horner Munro, de Regina, em Saskatchewan, no Canadá, e patenteada em 1923. Por ser engenheiro de vapor, Munro projetou seu dispositivo para usar ar comprimido em vez de fluido hidráulico e, por isso, sua invenção não tinha potência e nunca encontrou aplicação comercial.

A primeira transmissão automática usando fluido hidráulico foi desenvolvida em 1932 por dois engenheiros brasileiros, José Braz Araripe e Fernando Lehly Lemos; posteriormente, o protótipo e o projeto foram vendidos para a General Motors, que os introduziram a tecnologia no modelo Oldsmobile de 1940 como transmissão “Hydra-Matic“. No entanto, um artigo publicado pelo Wall Street Journal credita a empresa alemã de autopeças ZF Friedrichshafen pela invenção, que teria ocorrido logo após a Primeira Guerra Mundial.

O também brasileiro Gladimir Kohnlein patenteou a Transmissão Mecânica Variadora de Velocidade Inversora e Finita (TMVVIF), um sistema que pode ser empregado em cadeiras de rodas motorizadas e automóveis.

Voltando ao assunto, ele foi preso pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, acusado de colaborar com o regime de Adolf Hitler. Foi solto em 8 de junho de 1945, após 8 meses de prisão graças a um esforço da diplomacia brasileira. Mesmo após ser inocentado, nunca recuperou a alegria de viver. Morreu deprimido e empobrecido, aos 64 anos de idade. Seu corpo está enterrado no cemitério de Neuilly-sur-Seine, próximo de Paris.

O Aeroplano São Paulo
Com o aeroplano “São Paulo“, Dimitri chegou a uma altura de 3 a 4 metros do chão, percorrendo cerca de 105 metros em 6 segundos e 18 décimos. Na ocasião, seu feito foi divulgado amplamente pela imprensa, tornando-o conhecido. Mas, com o passar dos anos, a história foi completamente esquecida e hoje muitos creditam a realização do primeiro voo latino-americano ao piloto mexicano Alberto Braniff (1884–1966).   Mais uma vez o Brasil perde o bonde da história.

Uma réplica do “São Paulo” está conservada no Museu TAM na cidade de São Carlos. O Museu está fechado para visitação desde 2016, possivelmente por conta das dificuldades financeiras do grupo, e um acordo assinado em 2018 prevê que seu acervo seja transferido para São José dos Campos, onde será reiniciada a visitação.

Vale a pena a visita.

 

Fontes e adaptações: Wikipedia e outros artigos

 

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