O País do Amanhã
É o eterno amanhã. Parece piada, mas tudo fica sempre para depois.
Depois da tragédia envolvendo o Flamengo, onde 10 adolescentes morreram, os demais estados tem feito uma “chamada geral” nas condições de alojamento dos times da capital. É o efeito “comoção”.
O mesmo aconteceu em Santa Maria, Rio Grande do Sul, depois do incêndio da Boate Kiss, que deixou mais de duzentos mortos.
Esse acontecimentos frequentes levam os políticos e a população a exigirem melhores condições para isso ou aquilo, bem ao sabor da comoção do momento.
Passados cinco anos da Kiss, o que mudou na legislação para melhorar as condições das baladas no país ? E depois de três anos da barragem de Mariana ?
Basta esperar que a população e os governantes esqueçam e tudo volta ao normal. Até a próxima tragédia.
Acidentes acontecem e isso é inevitável. Em 2003, um incêndio numa boate de Nova Iorque deixou vários mortos. E os laudos não encontraram nada de errado na casa! Mesmo assim, proprietários e também o patrocinador da festa foram responsabilizados pelo que eles entenderam como “crime”. E muita coisa mudou depois disso por lá.
Por aqui, a corrupção não permite que a fiscalização interdite um local por considerá-lo inseguro. O Flamengo diz que o incêndio foi uma fatalidade e nada tem a ver com a fiscalização ou as multas recebidas nos últimos meses. A verdade é que ninguém conseguiria fechar o Centro de Treinamentos do Flamengo. Como não consegue fechar muitos estabelecimentos que deixam seus frequentadores em perigo. Mas consegue fechar o boteco da esquina por qualquer razão.
Em Campos do Jordão havia uma balada muito frequentada pelos jovens e que era totalmente irregular. Mas ninguém se atrevia a fazer alguma coisa porque ela pertencia (ou ainda pertence) a um secretário municipal.
Não havia perigo no CT do Flamengo, nem na barragem de Brumadinho, segundo os responsáveis. Mas acabou em tragédia.
Mas a comoção vai passar e a vida vai continuar até a próxima tragédia.
É tão certo como o Sol vai nascer amanhã.