Uma Verdadeira Zona de Guerra

Política

A ONU foi criada em 1945 pela união, inicialmente, de 51 países ainda atônitos no final da Segunda Guerra Mundial com o intuito de manter a paz entre as nações e, principalmente, para que as atrocidades causadas pelo Nazismo jamais se repetissem. Na verdade, a ONU sucedeu a chamada “Liga das Nações” e nunca foi muito além disso.

Mesmo assim, várias guerras aconteceram promovidas por potências mundiais ignorando as resoluções contrarias proferidas pela ONU e seus membros com a justificativa de manter a paz numa região.
A representante dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, criticou o presidente Vladimir Putin durante a Assembléia Geral de 23 de fevereiro de 2022. Ela fez um discurso bastante duro contra a Rússia e o presidente Putin, alegando que este deseja a volta da União Soviética com a anexação de territórios da antiga “Cortina de Ferro“.

Não se justifica guerra alguma com base em atitudes do passado ou mesmo do presente. A embaixadora americana na ONU poderia simplesmente substituir apenas três palavras do seu discurso e teríamos um texto semelhante: troque “Putin” por “Bush/Obama“, “Ucrânia” por “Iraque/Síria/Líbano/Afeganistão” e “Rússia” por “Estados Unidos”. A nova leitura desse discurso remeteria o mundo a 2002 ou 2007, quando os norte-americanos ignoraram vários apelos da ONU e foram à Guerra no Iraque, junto com seus puxa-sacos de plantão.

A guerra nunca é a melhor opção, mas sempre serve de justificativa para um contra-ataque.

Como justificativa à própria segurança e alegando armas químicas de destruição em massa, os Estados Unidos foram à guerra contra o Iraque, derrubaram Saddam Houssein e o enforcaram. Chamaram os curdos de amigos e os largou quando as tropas americanas desocuparam o Iraque destruído. Um dos resultados disso tudo foi a chacina que se seguiu dos iraquianos contra os curdos. Tudo isso ignorando uma resolução da ONU que impedia essa ocupação. Isso sem falar na surra que levaram no Afeganistão com o fortalecimento do Taliban e a Al Qaeda, que eles mesmos promoveram.

Hoje, a Ucrânia é a bola da vez. Os Russos, ou Putin, não querem um míssil apontado para eles, muito menos vindo de uma antiga república soviética que, na verdade, é o berço da Rússia. É impossível saber o que se passa na cabeça dele, Putin, mas ele tem um pouco de razão.

Com o colapso da antiga União Soviética em 1991, a chamada “Cortina de Ferro” ou o “Pacto de Varsóvia“, que era uma aliança militar soviética, deixou de existir. Várias antigas repúblicas socialistas se tornaram independentes e democráticas, mas a OTAN, que é a versão ocidental do pacto foi sendo cada vez mais fortalecida.

Não é difícil de entender. A OTAN gera bilhões de dólares em várias frentes: ela movimenta a economia local com suas instalações militares (bem como o país), gera empregos na indústria bélica americana e promove a falsa segurança de seus signatários. Falsa porque qualquer guerra será travada no território europeu, bem longe das terras norte-americanas. Isso sem contar que auxiliam na manutenção de uma potência mundial única.

Em 1962, o mundo esteve muito perto de uma nova guerra. Tudo porque a então União Soviética instalou uma base de mísseis em Cuba, a chamada Operação Anadyr (clique aqui), o que gerou a “Crise dos Mísseis de Cuba” e obrigou o então presidente Kennedy a exigir a retirada deles. Nem Kennedy, nem os norte-americanos, queriam mísseis tão perto de seu território. A questão foi resolvida num acordo secreto entre Kennedy e Nikita Kruschev, então líder Soviético.

Ingenuamente falando, Putin está exigindo a mesma coisa. Ele não quer a OTAN tão próxima de suas fronteiras. Suécia e Finlândia sempre se colocaram em posição de neutralidade, apesar de vários convites da OTAN. A Finlândia, que tem mais de 1.300 Km de fronteira com a Rússia, era parte do Império Russo até 1917, quando conseguiram a independência.

Estamos falando em democracia e ela exige, no mínimo, duas partes. Os norte-americanos querem que os Estados Unidos sejam a única potência do planeta, o que fere esse princípio básico do poder. Os russos, ou Putin, querem manter a Rússia como potência mundial. É briga de cachorro grande e as coisas não são bem assim.  As notícias precisam ser analisadas com lupa e sempre muito bem compreendidas levando-se em conta as questões históricas, políticas e muitas outras.  Não é apenas uma questão humanitária.

Fontes: publicações diversas.

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