
O Futebol E As Diferenças
Antes de mais nada, vamos aos fatos:
A FIFA, grande mandatária do futebol mundial, só quer saber de mandar no futebol e ganhar dinheiro com ele.
Não há uma terceira opção.
Desde 1960, o torneio intercontinental de clubes ou a conhecida copa Toyota, era considerada o campeonato mundial interclubes. Somente depois do ano 2000, em que a FIFA passou a organizar o seu próprio mundial de clubes, é que os verdadeiros campeões mundiais foram formalmente reconhecidos por ela, FIFA. Isso porque ela só reconhece como campeões os times que venceram os campeonatos ou torneios organizados por ela. Quer dizer que Santos, Flamengo e tantos outros brasileiros jamais foram campeões mundiais, certo ? A princípio, sim. Até que a toda poderosa FIFA reconheceu a Copa Toyota como campeonato intercontinental interclubes, mas jamais cita algum campeão antes de 2000. Só fez o óbvio.

O SporTV fez um ótimo documentário a respeito do novo campeonato mundial de clubes e deu várias razões para não considerar a Copa Rio como sendo o primeiro nesse quesito. Segundo um dos depoentes do programa, o Palmeiras teria sido considerado como o primeiro campeão por unanimidade durante a 31ª reunião do Comitê Executivo da Fifa, realizada em São Paulo, em 7 de junho de 2014, com a presença do então Ministro Dos Esportes, Aldo Rebelo, ocasião em que o famoso fax, confirmando o título, foi enviado ao Palmeiras. Essa ata ainda deveria passar, apenas pró-forma, pelo crivo de outra comissão que jamais a pautou, pois o departamento jurídico da FIFA desaconselhava fortemente reconhecer qualquer torneio não organizado por ela, pois isso poderia abrir um precedente muito perigoso. Só que a FIFA reconheceu a Copa Toyota…
Agora, atrás de mais dinheiro e poder, a FIFA, pelo seu presidente Gianni Infantino, organizou o Mundial de Clubes com 32 participantes e promete fazê-lo a cada quatro anos, com os campeões continentais desde o mundial anterior e mais alguns pelo ranking. Pelos jogos de 15 de maio de 2025, já dá pra ter uma boa noção de como esse torneio vai acabar: O Bayern de Munique fez 10 a zero no Auckland, PSG fez 4 a zero no Atlético de Madrid e o Palmeiras ficou no zero com o Porto. O mundial deveria ser disputado anualmente e apenas com os campeões continentais.
A grande jogada da FIFA com o mundial é superar a Champions League que, para o europeu, é o que realmente vale. Se os europeus virem esse novo torneio como um campeonato mundial de verdade e não apenas um campeonato continental europeu, então o dinheiro vai jorrar nos cofres da FIFA da mesma forma que a Copa do Mundo de Seleções supera facilmente a Liga das Nações da Europa. Lembre-se de que o que interessa é o dinheiro ! Já estão falando em 48 times no próximo mundial…

A diferença entre os times é brutal já que os grandes times europeus formam quase uma seleçãozinha de craques que, normalmente, vem daqueles países com grande tradição no esporte, como Brasil e Argentina. Esses craques, no fim de carreira, retornam ao seu país de origem e ainda são bem aproveitados; veja o Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho, William…
É muito difícil algum time “não europeu” vencer um campeonato mundial nesse formato. Talvez os árabes consigam fazer frente e, mesmo eles e seus petrodólares, estão contratando craques que já não estão no seu auge.
Agora os sul-americanos vão ter que correr atrás. Não dá para continuar dessa forma e viver eternamente como coadjuvantes. Mas o que manda é o dinheiro dos europeus, que contratam a peso de ouro todo jogador que aparece e se mostra promissor, vide Neymar, Estevão e Endrick, além de muitos outros.
E temos os africanos que ainda não tem tanta técnica assim. Um influencer chamado Victor Almeida (@victiligor), ligado ao Fluminense, disse que “Se o Mamelodi Sundowns é time de futebol, eu sou um Fusca”. É preciso avisar o Fusca que esse time que não existe está em primeiro no grupo…

O Brasil precisa acordar. Não pode viver o passado de pentacampeão, quando perde para uma seleção da Croácia ou passa apertado numa simples eliminatória. Os comentaristas adoram falar do “peso da camisa”, do “respeito” dos adversários e um monte de bobagens. Uma seleção não se preocupa mais quando sabe que vai jogar contra o Brasil, porque o Brasil está muito longe do que foi, seja em craques, seja em técnica.
A FIFA detestou ver a Argentina campeã do mundo em 2024. Se a França vencesse, o volume de recursos que a FIFA iria receber seria muito maior. Vender um jogo quando a campeã é a Argentina é muito mais barato do que vender a seleção da França. Mesmo o Brasil, nos seus áureos tempos, recebia um valor que nem se aproximava do que seria pago a uma seleção europeia.
Mais uma vez, o Brasil precisa acordar e encarar um time ou seleção de frente. É preciso uma grande reformulação com novas técnicas e jogadores de ponta. Perder faz parte do jogo; ser respeitado, também.
Texto de Renzo Grosso