
Mileva Marić – A Primeira Esposa de Einstein
O nome dela era Mileva Marić. Nasceu na Sérvia em 1875, quando estudar matemática e física era um privilégio negado a quase todas as mulheres.
Ela era diferente, todos diziam isso: gostava dos números, das fórmulas, mancava de uma perna, tinha um olhar muito sério e uma inteligência bem alta.

Foi a primeira mulher a ser admitida no curso de física do Politécnico de Zurique. E foi onde ela conheceu um certo servidor público chamado Albert Einstein, que trabalhava num escritório de patentes. Os dois estudavam juntos, discutiam física e se apaixonaram…
Passaram a escrever cartas, comentar seus sonhos e, em muitas dessas cartas, Albert falava dos trabalhos dos dois, das pesquisas. Ele escrevia a teoria do movimento relativo, que era de ambos e não apenas dele. E ele se referia a ela como de uma igual. Até que ele ficou famoso.
O ano era 1905, o Annus Mirabilis (ou “ano de milagres”): ele publicou cinco artigos fantásticos, entre os quais a da relatividade restrita. E o mundo o admirou, mas ninguém perguntou quem era a mulher que, até recentemente, assinavas os papéis com ele.
Por várias razões, o casamento estava acabando. Ela estava com um filho morto ainda em berço e dois filhos para criar.
Foi quando ele começou a deixá-la para trás. O divórcio tinha uma cláusula que lhe parecia terrível – e era: se, por acaso, ele fosse o ganhador do Nobel, o dinheiro do prêmio iria para ela como uma compensação por tudo; e dizem que também pelo silêncio dela.

E, depois de mais de sessenta tentativas, ele recebeu o Nobel que veio graças a um físico chamado Arthur Addington que, em 1919 liderou uma expedição para o Brasil (em Sobral) e outro para a ilha de Príncipe, nas costas da África, para observar um eclipse solar. O objetivo era medir o desvio da luz das estrelas, conforme previsto pela teoria de Einstein, que dizia que a massa do Sol curvaria o espaço-tempo. Só que isso apenas demonstrou um dos pontos da teoria de Einstein, mas ainda não lhe dava direito ao prêmio, sabe-se lá porquê. Foi quando ele redigiu um trabalho brilhante, como sempre, sobre o efeito fotoelétrico. Esse sim lhe rendeu o Nobel em .
E, conforme prometido, Einstein deu o dinheiro a ela. E foi com ele que ela sobreviveu e criou seus filhos com Albert. Ela jamais voltou ao laboratório, nem publicou coisa alguma.
Mileva morreu em 1948 e não há sequer uma placa com seu nome. Apenas atualmente é que alguém pergunta se na teoria da relatividade não teria um dedinho dela…

A verdade é que ela era genial mas, por ser mulher, ela devia ser mãe antes de mais nada. Aí ela desaparece da história porque deu um passinho para trás.
Só que esse passinho durou mais de cem anos.
Texto de Renzo Grosso e adaptações
