A “Família” Manson, de Novo !
De volta a esta história já contada aqui, por conta da possível libertação de uma das assassinas e da muita, mas muita sorte de Terry Melcher, filho de Doris Day.
Charles Manson foi um dos maiores criminosos que se tem notícia. Não pela quantidade de crimes que ele cometeu, mas pela crueldade na morte de várias pessoas, entre elas, a atriz Sharon Tate – esposa do diretor Roman Polanski.
Ele era um homem bastante inteligente, passou por vários reformatórios e sua infância, dizem, não foi das mais felizes. Não sabia quem era seu pai, ainda pequeno sua mãe tentou vendê-lo a troco de uma bebida e foi abusado pelo seu tio.
Muitos reformatórios e prisões depois, Charles Manson foi libertado aos 32 anos de idade e resolveu criar uma seita ou “família“, aliciando jovens problemáticas com ajuda de LSD, o que fazia com que elas ficassem ainda mais suscetíveis à sua filosofia barata. De fato, ele era bastante encantador e ludibriava a todos com sua inteligência acima da média.
Ele e sua “família” ficavam num canto do Spahn Ranch, local bastante conhecido como set de filmagens, onde o dono permitia que eles ali vivessem. Fala-se que uma das moças lhe fazia favores sexuais em troca de viverem no local.
O bando vivia de pequenos golpes e até catava comida na lixeira dos supermercados, enquanto Manson pregava sua filosofia numa praça de Los Angeles.
Um dia surgiu uma jovem chamada Linda Kasabian, que havia saído da casa da mãe devido a desavenças com seu padrasto. Ela logo se apaixonou por aquele paraíso na Terra e também por Charles Manson. Linda foi logo aceita no grupo e ainda tinha a vantagem de ser a única com licença para dirigir (ou carteira de habilitação).
Nessa época, Manson foi apresentado a Terry Melcher, filho de Doris Day e um produtor musical de sucesso. Entre as bandas que ele agenciava, estava os “Beach Boys“, cujo líder, Dennis Wilson, o convenceu a ouvir Manson, que havia conhecido pouco antes e lhe parecia promissor. Terry chegou a ouvi-lo cantar, tocar violão e não achou nada de mais. Mas gostou da história da “família” e quis gravar um documentário sobre a vida deles. Só que Terry desistiu do projeto ao ver Manson brigar com um dublê.
Irritado com a desistência, Manson foi até a casa de Terry na Cielo Drive e foi informado pelo caseiro que ele havia se mudado para Malibu com a namorada, a também atriz Candice Bergen. Manson não acreditou e voltou dias depois. Recebeu a mesma informação de outra pessoa que trabalhava lá e, novamente, não se convenceu.
Voltou ao Spahn Ranch e reuniu Ted Watson, Leslie Van Houten, Susan Atkins, Patricia Krenwinkel e Linda Kasabian (para dirigir, já que era a única com licença). Ordenou que fossem na casa de Terry, na Cielo Drive, e matassem todos os que encontrassem.
Acontece que, sem saber de nada, Terry havia se mudado daquele local e alugou a casa para Roman Polanski.
Linda havia ficado no carro e se horrorizou com o barulho dos gritos e tiros que ouviu. Eles mataram cruelmente Sharon Tate que estava grávida de oito meses, o ex-namorado dela, Jay Sebring, a milionária e socialite Abgail Folger, seu namorado, o polonês Wojciech Frykowski e Steve Parent, amigo do caseiro. Polanski não estava na casa. Quando os quatro voltaram ao carro, foram direto ao rancho contar a Manson tudo o que tinham feito e ele não gostou do que ouviu. Achou que eles não tinham sido cruéis o suficiente e, mais uma vez, reuniu o grupo para uma nova empreitada. Desta vez escolheram um lugar ao acaso, num bairro classe média de Los Angeles. Mataram ainda mais cruelmente o casal Labianca, que ali vivia. Nos dois casos, fizeram inscrições nas paredes com o sangue das vítimas como : “pigs“, “Skelter“, “rise“….
Apavorada, Linda fugiu de volta para a casa da mãe em New Hampshire. Ela não disse nada do que havia feito ou presenciado.
Não se sabe porque a polícia de Los Angeles não juntou os dois crimes e eles foram investigados por grupos diferentes. Três meses se passaram e a polícia declarou que não tinha nenhuma pista dos assassinos de Tate e dos demais mortos na casa dela. Nada falaram sobre os Labianca, que outro grupo investigava também sem nenhuma pista.
Dias depois Susan Atkins foi presa por um delito estúpido e comentou com suas companheiras de cela, gabando-se, sobre ela ser a assassina de Tate. Uma delas contou a história ao advogado e logo a polícia prendeu Manson, os quatro criminosos e vários integrantes da “família”, praticamente sem resistência.
Manson não participou ativamente de nenhuma das mortes, mas foi o idealizador delas. Mesmo assim, a polícia não tinha as provas que precisava, exceto a conversa de uma drogada com duas prostitutas presas.
Na esteira das investigações, a polícia localizou Linda Kasabian na casa da mãe, onde ela foi interrogada e acusada dos crimes. Ao ouvir a versão de Linda sobre os fatos, a polícia se convenceu de que ela era apenas a motorista e não participou dos crimes, além de não estar se escondendo. A promotoria lhe propôs um acordo onde as acusações seriam retiradas com a condição de testemunhar.
E assim foi feito. Só que ela viveu escondida por um bom tempo antes de poder voltar à vida “normal“.
Há relatos de que Susan passava o dedo na própria garganta olhando fixamente para Linda no tribunal, enquanto lá fora, vários integrantes da “família” que não tinham nada a ver com isso, protestavam exigindo a libertação de Manson. Todos os acusados do crime que ficou conhecido como Caso Tate-Labianca foram presos e condenados à morte, mas a sentença foi comutada para “perpétua“.
De acordo com o promotor do condado de Los Angeles, Manson queria que os crimes fossem atribuídos aos negros para iniciar uma “guerra racial” levando à supremacia branca, embora ele e outros contestassem esse motivo. Em 1971, ele foi condenado por assassinato em primeiro grau e conspiração para cometer assassinato pela morte de sete pessoas. A promotoria concluiu que Manson não participou dos assassinatos, mas eles argumentaram que sua ideologia constituía uma conspiração. Manson também foi condenado por assassinato pelas mortes de Gary Hinman e Donald Shea, assassinados pelo grupo em crimes separados e não relacionados .
Esse maluco dizia ser Jesus Cristo e que o famoso álbum branco dos Beatles (pra quem não sabe, ele é chamado assim porque a capa é toda branca, sem nenhuma foto ou desenho) era um sinal da supremacia branca e que eles, Beatles, se comunicavam com ele (Manson) através da música “Helter Skelter“.
Daquele grupo de assassinos, Leslie Van Houten, condenada à prisão perpétua, está prestes a ser libertada após 53 anos de prisão com o argumento, entre outros, de que ela não oferece mais perigo à sociedade. Há quem discorde.
Veja como estão hoje os demais membros principais dessa gangue (que tinha muitos seguidores):
Linda Kassabian – Morreu em 21 de janeiro de 2023, Tacoma, Washington, EUA – Provou que era apenas a motorista e que fugiu apavorada de volta para a casa da mãe. Fez um acordo com a promotoria e saiu livre. Mas teve que viver escondida pelo resto da vida.
Charles Tex Watson – Em prisão perpétua – nascido em 2 de dezembro de 1945. Tão cruel e sanguinário quanto Susan Atkins.
Susan Atkins – Morreu na prisão em 24 de setembro de 2009, devido a complicações causadas por um tumor no cérebro. Seu último pedido de liberdade condicional aconteceu pouco antes de sua morte na prisão. Os advogados pediram que sua cliente pudesse morrer em casa, mas a comissão de condicional não acatou. Susan era uma das mais sanguinárias do grupo (juntamente com Ted Watson) e dizem que ela provavelmente não ouviu a negativa de condicional de tão debilitada pelo tumor.
Patricia Krenwinkel – Em prisão perpétua.
Lynette Alice “Squeaky” Fromme – Presa e condenada à prisão perpétua pela tentativa de assassinato do Presidente dos Estados Unidos Gerald Ford, em 1975. Recentemente declarou que ainda ama Charles Manson.
Charles Manson – Morreu na prisão aos 83 anos, em 19 de novembro de 2017. Tinha uma suástica tatuada na testa. Em novembro de 2014, aos 80 anos, ele recebeu permissão para se casar na prisão. A noiva, Afton Elaine Burton, de 26 anos, queria expor o cadáver de Manson para visitação. Ao saber disso, Manson não se casou.
A mansão, local do primeiro crime, foi demolida e deu lugar a outra casa e com o número 10066.
Texto de Renzo Grosso