O Esboço da História – O Estado de Israel
O diplomata brasileiro Oswaldo Aranha merecia muito mais que uma placa em Jerusalém e uma ruazinha secundária em Tel Aviv. Não porque ele tenha sido o responsável pelo voto de minerva na ONU, que aprovou a resolução para a criação do Estado de Israel. Até porque isso não é verdade, apesar de muita gente acreditar.
Em 1947, o Presidente Eurico Gaspar Dutra nomeou o diplomata Osvaldo Aranha como Chefe da Delegação Brasileira na ONU. Nessa função ele acabou sendo nomeado Presidente da Assembleia Geral que iria tratar da questão da divisão da Palestina, ou a Resolução 181.
Segundo alguns historiadores, a participação de Osvaldo Aranha no episódio só não foi maior do que os sionistas na articulação da Resolução 181 ou “Plano da ONU Para a Partição da Palestina“, em 1947. Aranha, como presidente da Assembleia, tinha nas mãos o poder de colocar a resolução em votação, mas não o fez, porque sabia que ela não seria aprovada naquele momento, pois eram necessários 2/3 ou 38 votos da casa, na época com 53 nações.
Como havia enorme interesse dos americanos na aprovação da 181, Aranha iniciou uma grande articulação para postergar a Assembleia e, assim, dar tempo aos sionistas de conquistar os votos necessários para a aprovação da resolução.
Foram três dias de intensas conversações e, em 29 de novembro de 1947, a resolução foi aprovada com os votos a favor de Haiti, Libéria e Filipinas, três nações com fortes relações com os americanos e que pretendiam votar contra a resolução. Repetindo: não teve nada de voto de minerva.
A partir daí, o Estado de Israel foi fundado em 14 de maio de 1948 em meio a inúmeras discussões e brigas com os países contrários à aprovação.
Já no dia seguinte o novo estado foi invadido por Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque, apoiados pela Arábia Saudita e pelo Iêmen, iniciando a Guerra árabe-israelense que durou cerca de um ano. Nessa guerra, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental foram ocupados pela Jordânia por um período de quase duas décadas, de 1948 a 1967.
Para não ser injusto com os sionistas, é importante lembrar que os brasileiros sabem mais sobre o filé à Osvaldo Aranha do que qualquer outra coisa sobre a vida do diplomata.
Osvaldo Aranha morreu em 27 de janeiro de 1960.
NE: “O Esboço da História”, de 1920, é um romance de HG Wells