Cala a Boca Galvão
Quem optou em assistir a abertura da Olimpíada Rio 2016 pela Globo, com a narração de Galvão Bueno, certamente ficou sem saber muita coisa. A maior preocupação do falante era saber quando a delegação brasileira faria a entrada no Maracanã. Em algumas ocasiões ele chamava algum repórter externo, quando considerava que alguma delegação “menor” e, portanto, desinteressante, estava fazendo a sua entrada. Em outras, as imagens se dividiam trazendo ao primeiro plano alguma informação de qualidade duvidosa.
A Glória Maria como comentarista era outro desastre. Parecia que ela fugiu das aulas de história e os dois, simplesmente, não se entenderam. Falaram quando deveriam deixar o espectador ouvir o som do estádio e, como já disse, não deram as informações necessárias.
Na Copa do Mundo de 2014, alguém teve a iluminação de divulgar o mote “Cala a Boca Galvão”, no mundo todo traduzido como “Salvem o Pássaro Galvão”, numa alusão a algum tipo de ave em extinção. Não demorou muito e o mundo todo gritou “Cala a Boca Galvão”.
A Globo deveria ter ouvido isso.
A locução desses medalhões da Globo lembrava mais a péssima participação de Glória Pires nos comentários do Oscar na mesma Rede Globo. E Galvão se limitou a falar de futebol e comparar bobagens que, às vezes, não tinham nenhuma relação com a delegação que estava na tela. Numa Olimpíada não existe delegação menor ou desinteressante. Todas as delegações e atletas estão ali por alguma razão, seja ele o Michael Phelps ou o Etimoni Timuani.
Quem ligou no SporTV, diga-se da mesma Rede Globo, ouviu comentários muito mais inteligentes de Luiz Carlos Junior e sua trupe. Todas as delegações tem uma história interessante para contar. Galvão e seus convidados não sabiam ou não se interessaram, mas a equipe do SporTV discorreu sobre vários detalhes a respeito dos porta-bandeiras de cada país, os melhores atletas daquela delegação e em que irão competir os pequenos Tuvalu e Sudão do Sul.
De um certo país, por exemplo, soubemos que um dos atletas foi cortado da delegação para dar lugar a uma atleta meia-boca que era patrocinada pela Samsung.
O Galvão entende muito de futebol e razoavelmente de Fórmula 1. Deveria se manter nisso, mas parece que a vontade de aparecer vai mais além do que as informações que o tele-espectador gostaria de ter. Ele deveria comentar o que realmente sabe e deixar os grandes eventos para quem conhece.
A locução de Luiz Carlos Junior e seus comentaristas deram um banho de conteúdo ao informar tudo aquilo que a TV aberta não quis.
Se você está se perguntando quem é o tal Etimoni Timuani, ele é um atleta de Tuvalu e vai correr os 100 metros.
Em tempo: perto das outras Olimpíadas, a abertura do Rio foi simples, mas deu conta do recado.
O voo do 14-bis foi uma grande sacada e prepare-se para a polêmica que vem por aí.
Estão todos de parabéns.