
COP30 em Belém e Brasil como sempre !
Mais uma vez o Brasil perdeu a oportunidade de mostrar competência ao mundo. Como já havia acontecido na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada do Rio em 2016, o Brasil continuou demonstrando a máxima que “no fim, tudo vai dar certo”.
É aquela estúpida mania brasileira de deixar tudo para a última hora. Tanto na Copa, como na Olimpíada, era possível ver trabalhadores se esforçando para entregar o serviço às vésperas do evento. Em Pequim, na China, a estrutura olímpica já estava pronta um ano antes. Tiveram tempo de sobra para testar tudo e foram necessárias pouquíssimas intervenções.

Com a COP30 em Belém, o Brasil não foi diferente dos demais eventos que hospedou. Não pelo incêndio, que poderia acontecer em qualquer lugar do mundo, mas pela má organização e pouca atenção às delegações que viriam aqui para tratar de um assunto bastante sério: o fim das emissões de gás geradores do efeito estufa entre outros. Só que, quem veio, não quis incluir um compromisso explícito para a eliminação dos combustíveis fósseis no texto final.
Faltou refrigeração no local do evento (o ar condicionado não deu conta), o que gerou uma reclamação por escrito da ONU às autoridades brasileiras responsáveis pela COP30. E nem se fale do retrocesso que virou a aprovação da nova Lei de Licenciamento Ambiental pelo Congresso Nacional no apagar das luzes da COP30. Os altíssimos preços das acomodações em Belém fizeram muitas delegações desistirem do evento; o aumento de preços é normal nesses casos e em todo o mundo, mas aqui os valores superaram o bom senso. Tanto que muitos locais ficaram às moscas e precisaram oferecer descontos enormes para hospedar alguém e não perder dinheiro.
Não conseguiram nem elaborar o que eles chamavam de um “mapa do caminho” para a eliminação ou supressão dos combustíveis fósseis, o que gerou grande controvérsia para os ativistas ambientais. Não vamos nos esquecer de que esse argumento é a grande causa da discussão e, essa resistência das nações produtoras de petróleo, culminou em um texto considerado “esvaziado” e “omisso“.

Os ambientalistas não estão completamente errados ao exigir o fim das emissões de gases gerados pela queima de combustíveis fósseis. O erro está em não exigir alternativas à isso. Explico: o mundo é altamente dependente do petróleo e ele pode ser encontrado em qualquer lugar. Imagine um país que seja bastante dependente da exploração dele, tendo que abrir mão dessa riqueza. É o caso do Irã, Arábia Saudita, Rússia, Venezuela e tantos outros que exploram ou se utilizam dele. É dar murro em ponta de faca e o discurso precisa mudar.
Ninguém vai conseguir parar a produção de petróleo no mundo e muito menos a sua utilização. Do petróleo não sai apenas a gasolina ou óleo diesel, mas também plásticos, medicamentos, corantes, fertilizantes, asfaltos, solventes e uma grande gama de produtos que o mundo todo usa. As alternativas são o biodiesel, lubrificantes gerados a partir de biomassa e muitos outros que ainda são caros e/ou não tem produção suficiente. Mas aí temos os demais derivados do petróleo que não podemos abrir mão. Isso sem falar que ainda não dominamos uma tecnologia de propulsão limpa para veículos e outros que também irão exigi-lo.

Existe uma empresa da Finlândia, entre outras, que está pesquisando formas sustentáveis de combustíveis. Apesar de ainda estar em estado gestacional, ela promete energia renovável para várias aplicações onde antes era exclusividade do petróleo. E daí ? O que fazer com o que vai sobrar do petróleo como a própria gasolina, óleo diesel…
Voltando ao assunto da Copa do Mundo, o Brasil já sabia anos antes que seria a sede em 2014 e, mesmo assim, não levantou um dedo. Somente em cima da hora é que se mexeram, mas foi preciso criar o RDC – Regime Diferenciado de Contratações – que, na verdade, era uma forma de passar por cima da Lei 8666, que regia as licitações e que vivia às turras na justiça por conta de empreiteiros insatisfeitos o que atrasava muito o processo licitatório. A mesma coisa aconteceu com a Olimpíada e a COP30.
Os atrasos nas obras fizeram com que muita coisa – muita coisa mesmo – ficasse pronta muitos anos depois e a preços altos. O que deveria ser um legado da Copa do Mundo, se transformou em abandono ou num equipamento que só serviria bem mais tarde.

Um exemplo disso é Cuiabá. Estive lá três meses antes da Copa e me espantei: o prometido novo aeroporto ainda estava no esqueleto e o mesmo com a cidade que estava toda em obras; jamais ficariam prontos para o evento. O aclamado VLT não passou de 15% do previsto e os trens, que já haviam sido comprados no início das obras, estavam parados há mais de dez anos e foram vendidos para o governo da Bahia, o que fez com que os poucos trilhos instalados fossem removidos. E muita coisa parecida aconteceu em TODAS as cidades-sede. Estamos em 2025 e o monotrilho de São Paulo, previsto para 2014, ainda não está pronto !
De novo o Brasil perdeu a chance de ser protagonista. Mas, quem liga ?
Obs.: Esperneie o quanto quiser, mas o chanceler alemão tinha razão no que disse. Só que todo mundo ouviu.
Texto de Renzo Grosso
