Porque A Represa Billings, Em São Paulo, Tem Esse Nome ?

Billings foi um engenheiro norte-americano e foi o responsável por resolver um problema que afligia os cidadãos paulistas no início do século XX.

Nascido em 1876, no Nebraska (EUA), Asa White Kenney Billings começou cedo no setor elétrico e, ainda adolescente, já trabalhava em uma central elétrica. Era um homem brilhante e se formou em Harvard com apenas 20 anos.

Ele veio para o Brasil em 1922, onde viveu praticamente até o fim de sua vida, convidado pela companhia Light (Light and Power Company) e que era a responsável por levar energia às cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Na década de 1920, São Paulo começava a se expandir e a energia era o verdadeiro calcanhar de Aquiles.

Liderou a construção da Usina de Rasgão, no rio Tietê, na cidade de Pirapora do Bom Jesus, e foi chamado para aproveitar o desnível da Serra do Mar para gerar energia.

Nascia a Usina Henry Borden, em Cubatão, e vários rios tiveram seus cursos alterados para formar o reservatório que iria alimentar a usina. Várias barragens e canais foram criados para levar as águas do Rio Grande (atual rio Pinheiros) e do Rio Pequeno até o reservatório de 127 km² que iria se chamar de Represa Billings. Não foi fácil. Qualquer um que passe por Cubatão ou pela rodovia Anchieta, já viu os tubos descendo pela montanha (na verdade o planalto) fazendo a ligação entre a represa e a usina. Ela é uma realidade sempre presente na vida dos cidadãos do ABC Paulista e fez história !

Billings voltou aos EUA em 1949 e faleceu um pouco depois, em 03 de novembro de 1949. Sempre lembrou que, apesar do nome, as obras são sempre realizadas por pessoas que se esforçaram para que elas acontecessem.

Obs.: A represa é formada por vários “lagos” e eles eram interligados por canais. Um desses canais era chamado por nós de “Canal Smith” e achávamos que era um tipo de homenagem a algum trabalhador ou engenheiro da época. Só depois de trabalhar lá (já nos anos 1980 e ainda na época da Eletropaulo) descobrimos que, na verdade, o canal se chamava “Summit“, que significa “transferência”. Ou seja, não tem nada a ver com homenagens. O trabalhador da época entendia esse nome em inglês de forma errada e ele acabou “pegando”.

Billings foi o presidente da Light e ainda realizou várias palestras sobre energia.  Uma delas, para a Institution of Civil Engineers em Londres falou sobre a questão hidrelétrica do Brasil e é referenciada para fins educacionais.

Texto de Renzo Grosso