Inevitavelmente Trágico – Charlie Hebdo

Cotidiano

E disse o Papa Francisco: “Se você xingar minha mãe, pode esperar um soco.”

Quando os terroristas do Al Qaeda mataram os jornalistas/cartunistas da revista Charlie Hebdo em Paris, a imprensa mundial imediatamente qualificou o ataque como um crime “contra a liberdade de imprensa”.

Os jornalistas adoram esse termo.  Segundo essa máxima, toda informação deve ser divulgada pelo “direito que o povo tem à informação”, não importando o mal que isso pode causar e desde que não seja com eles.

Só para lembrar, quando o papa da imprensa mundial, Ted Turner, foi hospitalizado em Buenos Aires, a imprensa correu para lá.

Rapidamente, a assessoria do ex-todo-poderoso da CNN pediu privacidade para Turner e, gentilmente solicitou para que a imprensa nada divulgasse.  Os jornalistas respeitaram a vontade de seu semelhante e foram embora.  Quer dizer, o jornalista-mor não deu o direito à informação e os vassalos acataram isso.

Voltando ao assunto, não demorou muito para que a mídia alterasse o termo “liberdade de imprensa” por “liberdade de expressão”, já que o ato não foi contra a imprensa.  Os cartunistas usaram e abusaram de charges e brincadeiras sobre diversos assuntos no que diziam ser “o direito de livre expressão” que existe em qualquer estado democrático.  Mas até a democracia tem limites.

Há muito tempo não se veem charges sobre gays ou negros como as que eram publicadas em todos os grandes jornais brasileiros.  Nem na Charlie Hebdo.   Hoje em dia, essa liberdade de expressão leva o nome de homofobia ou racismo e pode significar a detenção dos responsáveis.

Porque então continuar provocando mais de 1,5 bilhão de pessoas que seguem o Islamismo ?  Eles não compõem um grupinho ou uma seita, mas sim, uma religião muito bem estruturada e fundamentada.   Provocação não é liberdade de expressão ou coisa que o valha.  É, na melhor qualificação, pura falta de respeito e um convite para a tragédia que poderia ter sido evitada.

A Charlie Hebdo é dona de uma frieza sem precedentes ao continuar, depois de tudo, a ofender os islâmicos.  Isso não é jornalismo.

Já temos o exemplo de Salman Rushdie, que foi condenado à morte por ofensas ao Islã, e o jornal dinamarquês Jyllands-Posten que publicou caricaturas do Profeta.  Todos vivem escondidos e com segurança reforçada também para suas famílias.

Por conta disso, em 2008 a embaixada dinamarquesa no Paquistão foi alvo de um carro-bomba que matou oito pessoas, sendo uma criança.  Alguém perguntou à essas famílias quem, de fato, era o responsável pelas mortes ?

Os jihadistas estão errados ao matar pessoas em nome de Deus.    E a Charlie Hebdo precisa aprender a respeitar a crença e os dogmas de cada povo.   Os dois são intolerantes.

A igualdade se foi. A fraternidade, também.

Isso não é jornalismo, nem liberdade de expressão e nem religião.  É estupidez.

 

NE –  “Inevitavelmente Trágico” (Трагик поневоле, 1889) é uma peça de Anton Tchekhov.

 

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