
Porque O Absinto Foi Proibido ?
O absinto é produzido pela destilação de losna, anis e várias ervas. É uma bebida bastante potente, na faixa de 45 a 74% de teor alcoólico, foi proibido por muitos anos e é uma história que está envolta em mistério. Basta perguntar a alguém “o que é absinto?” e a resposta provavelmente será “é aquela bebida que te deixa louco”. Daí passamos a acreditar que essa bebida que tem sabor de anis, é alucinógena, mas a realidade não poderia estar mais longe da verdade.
Dizem que a bebida foi proibida por interesses da indústria do vinho. Até 1850, o vinho e os produtos relacionados a ele, como o conhaque, eram os grandes pedidos em qualquer restaurante ou bistrô. Se você fosse pedir uma bebida, provavelmente seria um vinho ou um conhaque.

Mas em meados do século 19 surgiu a filoxera: uma praga que atacava as raízes dos vinhedos atingindo praticamente toda a Europa e que dizimou os vinhedos franceses, destruindo a grande maioria deles, no que é conhecido como a Grande Praga do Vinho Francês. Como resultado, nos anos seguintes, a produção de vinho foi reduzida drasticamente. Isso era bem visível em várias publicações da época, inclusive O “Le Journal illustré” que noticiou a praga e a destruição dos vinhedos em 19 de julho de 1874.
Em busca de um substituto, os norte-americanos se voltaram para o whisky de centeio, desenvolvendo ainda mais a cultura e expansão do whisky. Na Europa, as pessoas começaram a saborear uma bebida alcoólica de alto teor alcoólico que era influente entre os artistas; o absinto . Era barato e amplamente disponível.

Anos depois de enxertarem as raízes francesas com uma variedade norte-americana imune à filoxera e a produção de vinhos voltou ao normal, os vinicultores logo perceberam que suas vendas caíram, pois muitas das pessoas que costumavam ser seus clientes agora bebiam absinto. Veja que, na época, a publicidade era quase nula. Então eles decidiram demonizar o absinto para trazer seus clientes de volta.
E assim o fizeram. Inspirados pelo fato de que muitos dos artistas que bebiam absinto eram conhecidos por terem distúrbios psicológicos, eles começaram a espalhar a lenda de que era a própria bebida que os deixavam malucos.
Uma pesquisa do psiquiatra francês, Dr. Valentin Magnan, também ajudou, pois concluiu que os animais que usavam tujona e óleo de absinto (dois dos principais ingredientes do absinto) tinham convulsões e eventualmente morriam. Claro, o problema com esta pesquisa foi o fato de que ela nunca foi revisada ou verificada e também nenhuma outra pesquisa chegou à mesma conclusão.

No entanto, a indústria do vinho usou essas duas armas e foi uma enorme influência política para combater o absinto. Eles pressionaram por sua proibição, que finalmente entrou em vigor em toda a Europa entre 1909 e 1914 e nos Estados Unidos em 1912. Sem um grande competidor fora do caminho, o vinho e o conhaque voltaram a dominar o mercado mais uma vez.
A proibição durou cerca de 100 anos. Desde 2007, o absinto é legal em todos os países onde o consumo de álcool é legalizado.

Obs: Toulouse Lautrec, pintor pós-modernista francês, era um grande admirador do absinto. Tanto que “inventou” um cocktail que ele chamou de “TERREMOTO” (Tremblement de Terre) com base nessa bebida e que era fortíssimo. Ela era composta de 1/2 parte de absinto e 1/2 parte de conhaque, servido em copo de vinho sobre cubos de gelo. A receita original desse cocktail, você encontra AQUI no Le Chef.
Texto de André Oliveira com adaptações de Renzo Grosso
