Esquecer para Lembrar – A Demora na Resposta

Política

As decisões nem sempre são fáceis de se tomar.   Se você tomou uma decisão acertada é porque, provavelmente, já errou em várias outras.   Ou já deixou outras coisas para trás, já que uma decisão é sempre uma questão de prioridade.

E como se determina uma prioridade ?

Deve-se levar em conta o bem da maioria, diria alguns.  A urgência, diriam outros. E por aí teríamos várias visões diferentes de um mesmo problema que, no fundo, reflete-se na total falta de planejamento.

Na grandeza deste país, as decisões não poderiam ser meramente políticas como são.  Então, porque tudo é demorado ?

Porque bem ou mal, tudo funciona.  A safra de grãos bate recordes ano a ano, apesar das péssimas condições de transporte que encarecem os fretes.   A energia elétrica depende dos rios que estão sempre correndo, exceto durante uma alguma estiagem passageira.  Da mesma forma, a água está sempre por aí, já que Deus é brasileiro, segundo disse o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga.

Contamos sempre com Deus e que tudo continuará funcionando apesar do gargalo nas rodovias, das secas no sudeste, da infraestrutura em geral.  As ações são sempre muito demoradas.  E elas só vem quando não há mais nada a fazer, exceto pedir a Deus e gastar muito mais dinheiro.

A saúde é uma questão primária: cada real gasto na melhoria das condições de higiene da população, economiza cerca de trinta reais nos gastos com atendimento hospitalar.

O problema é que tratar água e esgotos não dão votos e, além dos custos altos, demoram muito a trazer resultados.  Entregar uma ambuância ou um hospitalzinho inacabado sem nennhum equipamento básico dá muito mais votos.

Há vinte anos os especialistas falam em uma nova represa em São Paulo.  Nada foi feito.  Nem projeto !  Há quarenta anos falava-se de um anel viário na cidade de São Paulo.  Fizeram agora, incompleto e sub-dimensionado.  Já virou mais uma via congestionada.  Os portos são ineficientes, obsoletos e abarrotados.  As filas de caminhões são imensas.  E o preço final da exportação é proporcional a tudo isso.

Ferrovias obsoletas, rodovias mal conservadas, represas secas, apagões de energia…

Mesmo assim, as coisas ainda funcionam.  Quando há um problema, a política vem logo para minimizar.  Fazem um acerto aqui, outro alí e no ano que vem a gente se vê.

O dinheiro vai todo pelo ralo antes de chegar a solução.

Que pena.  O país não tem pressa.

 

NT: “Esquecer para Lembrar” (Boitempo III) (1979) é um poema de Carlos Drummond de Andrade

 

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